O DesignMobi

O projeto DesignMobi foi uma ação colaborativa, construída pelos alunos de Design, juntamente com a professora Joy Till, na disciplina Mobilidade e Ubiquidade-2015.2, da PUC-Rio. Tal projeto teve como principal viés analisar as questões sobre a mobilidade dos cidadãos da nossa cidade, bem como dos visitantes e turistas, com um olhar para o futuro do Rio de Janeiro. Que mudanças estruturais eventos como as Olimpíadas de 2016 trarão para nós em relação a mobilidade/meios de transporte?

No dia da intervenção, realizada no Pilotis do Kennedy na PUC-Rio, um mapa da cidade do Rio de Janeiro foi projetado sobre uma lona, onde frequentadores da universidade, visitantes e amigos presentes na 9a. Semana de Design, colaboraram desenhando o trajeto que faziam de suas casas até a PUC. As cores diferentes dos pilots representavam a quantidade de meios de transporte que utilizavam em seu caminho. Foram usados também adesivos com cores para mostrar diferentes emoções sentidas pelas pessoas, mostrando assim quais locais eram, por exemplo: agradáveis, entediantes, provacavam raiva, felicidade, entre outros.


 

Após a construção do “perfil” do trajeto, pessoas que participaram da interação foram entrevistadas, relatando as experiências de sua mobilidade pela cidade até chegar a PUC.

O resultado de nossa intervenção DesignMobi não apenas nos apresentou um lindo mapa da cidade, colorido e traçado pelas muitas pessoas que participaram do evento, mostrando os seus diferentes locais de origem, mas também nos trouxe histórias e depoimentos dos envolvidos. Dessa forma, os participantes nos falaram de suas impressões positivas e negativas e sugeriram mudanças para a mobilidade carioca.


O Video


Entrevistas

Para um projeto interessado na relação afetiva dos frequentadores da universidade com sua mobilidade no espaço da cidade, não foi surpreendente que, quanto mais distantes estávamos da Zona Sul, mais reclamações e descontentamentos surgiam. No início, tudo estava correndo bem. Um aluno que mora no Leblon, e vem a pé, deu uma entrevista cheia de sorrisos e marcou no mapa o símbolo que representava amor pela cidade. Observou:“queria eu que todo mundo chegasse na PUC alegre como eu”.

Outra preocupação do projeto foi descobrir o que os participantes esperavam para o futuro da cidade, afinal com as olimpíadas chegando obras estão sendo feitas para (tentar) melhorar a situação da mobilidade. Nossos interlocutores não tinham muita esperança. Claro, eles vêem o metrô como algo que poderia dar mais praticidade para movimentação, porém, como uma colega que vinha da Taquara observou: “vai ser mais rápido, mas eu ainda vou ter que pegar três transportes”. Outra colega que (pasmem!) era de Laranjeiras tinha uma opinião até bem niilista: “eu acho que nada vai mudar...infelizmente”.

Uma crítica que nos pegou de surpresa foi de um aluno que vem da Barra e ao invés de reclamar do trânsito que ele pega para chegar, reclamou do engarrafamento para entrar no estacionamento da faculdade. E por falar na Barra, os alunos tiveram bastante a falar desse trajeto. “É uma luta”, disse uma aluna que vem de carro, mas que até o início do ano fazia esse caminho de ônibus. Realmente, se de carro é uma luta, de ônibus deve ser uma guerra. O mais interessante foi ver que os alunos que vêm da Barra são os que têm maior esperança com o metrô. Observaram que provavelmente o trem estará cheio e isso será desconfortável, mas pelo menos será mais rápido.


 

Outras vozes interessantes foram dos alunos que vêm de outros municípios. Um que vem de Belford Roxo observou: “é um caminho longo, mas é por uma questão maior, que é o estudo. ”. Os alunos que vêm de Niterói comentaram que o transporte intermunicipal é de ótima qualidade e não têm nada para reclamar. Para duas alunas de Petrópolis (!), o problema pareceu ser o caminho de volta para casa. Porém, uma delas comentou que uma nova estrada está sendo construída, o que facilitará muito o trajeto.

Muito interessante no desenvolvimento do projeto foi ver a relação das pessoas com o espaço de sua cidade. Algumas tiveram dificuldades em localizar seu bairro no mapa. Ouvimos todo tipo de resposta, no entanto prevaleceram as críticas. Isto mostra que, para este grupo, ainda há muito a melhorar na mobilidade da nossa cidade.


#indoprapuc

Análise

É curioso o quanto um projeto se altera, desde sua proposta e ideações até aquelas alterações de último momento, sempre tão comuns em design. As primeiras ideias que surgiram para gerar nossa intervenção eram tão boas, que no final foi preciso colocar o pé no chão e escolher dentre elas a mais viável e que traria os melhores resultados e alcançaria um maior número de pessoas. Acreditamos que conseguimos alcançar esse objetivo com louvor na DesignMobi.

Para a nossa maioria, este foi o primeiro projeto da faculdade que nós participamos em que nos sentimos parte de uma equipe de profissionais. A dedicação, as ideias sendo avaliadas e elaboradas, todos os contratempos, todos os elementos que nos ajudaram a concretizar o projeto nos geraram uma grande satisfação. Fazer parte dessa intervenção foi uma experiência nova para todos e nos levou a ter uma melhor noção do espaço do Rio de Janeiro.Todos nós, independente do meio que se utilizemos, passamos por bons e maus momentos nas idas e vindas da faculdade. Foi interessante constatar que não estamos sozinhos nessa questão.


 

Foi muito gratificante montar a instalação e depois ver o mapa completo, entender onde o nosso bairro se localiza e perceber o quão pequeno ele é. Ver como pouco a pouco as pessoas começaram à se aglomerar na frente do mapa para marcar, adesivar e conversar foi muito bom. Para nós foi muito divertido marcar o mapa e por nossos sentimentos ali. Muitas pessoas ficaram conversando de pé na frente do mapa antes de marcar seu trajeto com cores, desenhos ou frases. Pudemos ver como as pessoas marcaram seus sentimentos, desenhando coraçõezinhos e imagens diferentes. Foi muito interessante também vermos os participantes se situarem no mapa e ver de onde as pessoas vinham. Observar o resultado obtido por meio da soma de todas as impressões que as pessoas que foram marcando no mapa, seus caminhos e marcadores de sentimentos diferentes do esperado foi muito interessante. Não esperávamos que o adesivo mais usado fosse o amarelo, que simbolizava raiva, que provavelmente é gerada por problemas diários no caminho que afetam o rendimento das pessoas no seu dia a dia.

Essa diversão causada pela soma de um material digital projetado em uma tela junto com canetinhas e adesivos nos fez pensar como a mistura do simples com o tecnológico pode gerar resultados divertidos e atrativos.